Infelizmente parece haver, em nossa República, uma regra informal que suplanta qualquer legislação. Quase que uma causa supraconstitucional de garantia de impunidade. Algo que é seguido como verdade incontestável por cidadãos de todas as classes sociais.
Não vai dar nada.
Você foi autuado conduzindo sob influência de álcool? Relaxa, não vai dar nada. Você puxou os cabelos de uma menina e a ameaçou, por mensagem, de fazer algo mais grave da próxima vez? Não...não dá nada. Dirigir sem carteira? Ah, não dá nada. Superfaturar aquisições para o ente público? Não...Ninguém vai ficar sabendo...Não vai dar nada. Mentir em um depoimento para “ajudar” um amigo...Imagina..Dá nada!!!
Aí, quando realmente “dá” alguma coisa, a pessoa se sente “injustiçada”: todo mundo faz e eu tenho que pagar? É o que geralmente se escuta...Pois então. Aqui vai uma dica: um dos fundamentos da boa convivência reside justamente no respeito às liberdades e aos direitos alheios. Se a lei diz que tal conduta não deve ser praticada, seguramente o diz porque tem o objetivo de proteger uma imensa maioria prejudicada com aquela ação.
Ainda bem que muitos dos que diziam “não vai dar nada” se enganaram.
A construção do país sem corrupção, ideal bradado por milhares de brasileiros que apoiaram a manifestação da última semana passa, invariavelmente, pelo autoconhecimento e pela eliminação, no dia a dia, do “não vai dar nada”.
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